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O livro se fundamenta na nova fenomenologia francesa em interface com a psiquiatria crítica, a psicanálise e a crítica social, com destaque para os seguintes autores: Michel Henry, Jean-Luc Marion, Biswanger, Michael Balint e Robert Stolorow. A noção de humano trabalhada rompe com a visão moderna eurocêntrica; humano compreendido a partir do seu pathos, que sofre, goza e, acima de tudo, ama. O amor é abordado tanto em sua dimensão ontológica, como condição a priori do ser, quanto na dimensão experiencial, como nas relações amorosas estabelecidas pelo sujeito com seus pais e com outras pessoas significativas ao longo da vida.

Uma das categorias centrais proposta pelo autor é a do "sentir-se suficientemente amado/a", o que resulta em profundas implicações existenciais, possibilitando o experienciar outras tonalidades afetivas derivadas da fruição, como a paz e a serenidade, o sensibilizar-se com o pathos do outro (pathos-com), o viver em autenticidade e a afirmação da vida, sobretudo, daquelas pessoas que historicamente tiveram suas vidas negadas, como as pessoas com sofrimento mental grave e com as chamadas deficiências. Tudo isto se opõe à barbárie, física ou simbólica, que resulta do "não amor", das reações defensivas contra o sentir, no excesso de racionalização que nega a vida; pensamento racional desencarnado, descompromissado com tudo o que é vivo, típico da racionalidade moderna. 

Por fim, o autor problematiza os rumos da psiquiatria contemporânea, suas violências e alienações, e propõe uma clínica ético-política baseada no acolhimento sensível, na comunhão amorosa. Seguindo uma afirmação balintiana, mostra que o anseio último da humanidade é "amar em paz", que o antídoto para a barbárie está na vida, no amor, no humano.