Após a virada do século, dentro da narrativa predominante do apocalipse, os zumbis espalharam-se como vírus para fora do cinema e infectaram os quadrinhos, a literatura, as ruas, as ficções seriadas e, principalmente, os jogos digitais.

Os cenários se transformaram em cidades inteiras destruídas, lojas saqueadas, falta de governo, pânico geral e cada um por si.

Nesse contexto, o zumbi não é mais um monstro que surgiu sem explicação alguma, mas uma vítima fatal do erro tecnocientífico e da maldade humana.

Indo além da invasão dos zumbis nos meios de comunicação, a autora expõe os deslocamentos e as transformações de sentido sobre esse monstro ao longo do tempo.

Na modernidade, o zumbi era uma metáfora para o trabalhador incansável. Na contemporaneidade, ele se tornou uma pessoa doente, infectada e, sobretudo, perigosa. Há mais características humanas contidas nessas criaturas do que traços monstruosos, sendo mais compreendidas como vítimas do que como a causa de toda a catástrofe apocalíptica. Isso não impediu, contudo, que essas narrativas se tornassem menos sanguinolentas ou cruéis.

Sobre a autora

Louise Ferreira Carvalho é graduada em Estudos de Mídia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).