O subfinanciamento e a privatização do Estado social brasileiro colocaram dolorosamente o Sistema Único de Saúde (SUS) numa situação de muita precariedade na atenção à saúde na pandemia de covid-19. Mesmo antes do colapso do sistema de saúde brasileiro em face à doença, a atenção de saúde pública já era carente de pessoal e de suporte de tecnologias de baixa densidade tecnológica.

Na ausência do Estado brasileiro. floresceram negócios destinados a pessoas de baixa e média renda, como as clínicas populares e o "Netflix" da saúde. Impera à nossa geração enfrentar o hercúleo desafio de fazer o SUS reexistir "num negócio que seja bom para todos". Debater sobre um Serviço Nacional do SUS mediante um consórcio interfederativo é um dever do pensamento crítico em saúde pública.

Vídeo: Eduff Entrevista com o autor Fabiano Borges

Sobre o autor

Fabiano Tonaco Borges é graduado em odontologia, com mestrado e doutorado em odontologia preventiva e social, e pós-doutorados na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp em parceria com a Escuela Andaluza de Salud Pública em Granada, na Espanha (2015) e no Institute for General Practice and Interprofessional Care na Universität Tübingen na Alemanha (2020). Atualmente é professor do Departamento de Planejamento em Saúde da UFF e líder do Grupo de Estudos em Saúde Internacional e Cooperação (UFMT) no CNPq. Publicou o livro Anatomia da privatização neoliberal do Sistema Único de Saúde (SUS) - o papel das organizações sociais de saúde (OSS), pela editora Cultura Acadêmica, em 2012.